Em 2019, na cidade de Wuhan na China, surgia um
novo vírus altamente contagioso, que meses mais tarde, em 11 de março de 2020,
acarretaria oficialmente no surgimento de uma pandemia. Por definição, pandemia
é uma doença que se alastra amplamente e com rapidez. Do ponto de vista da
infectologia, uma pandemia é um cenário muito preocupante, uma catástrofe!
Entretanto, por que é diferente quando se trata de uma pandemia de
intolerância?
Há séculos essa enfermidade assola a raça
humana, se a discriminação não fosse por classe social/econômica, seria então,
por cor ou cultura. Não importando o quão absurdo fosse sempre existiria um
motivo para algum primata com capacidade de realizar o movimento de pinça, se
considerar superior a outro. O conceito de superioridade e inferioridade acabou
acarretando a falta de compreensão do incomum, que passou a ser tratado com
desprezo, rejeição, humilhação e no pior dos casos violência. Voltando aos dias
atuais, vemos a situação se agravando e a intolerância se disseminando com uma
velocidade avassaladora.
Com o avanço tecnológico das últimas décadas e a
popularidade das redes sociais, telas planas com pouco mais de cinco polegadas,
se tornaram ferramentas perfeitas para praticar a intransigência nossa de cada
dia. Ameaças, xingamentos e humilhações são tão frequentes que se tornaram
banais. E é aí que mora o problema. Não só não toleramos a intolerância, como
também estamos nos tornando indiferentes a ela. No mundo virtual vivemos em
bolhas, isolados das críticas, do diferente. Quando essa barreira é transposta,
nos causa estranheza, e nós causamos a pandemia de preconceitos, ofensas e
opressões a qual devemos combater com veemência. Precisamos apostar na
educação, não como arma, mas como principal aliada. Aliás, de armas já temos o
suficiente, precisamos baixar a guarda e nos permitir experimentar um pouco do
esquisito, partilhar de uma ideia maluca, aprender com aqueles que achamos que
deveríamos ensinar.
Então, para dar fim a esse mal que tanto nos perturba, temos que ter consciência de que ele vive primeiro em nós, e não no próximo. Tomar frente das próprias ações e assumir o compromisso com o sentimento alheio antes de se pronunciar, se policiar e se perdoar são formas de combate e prevenção a essa pandemia de intolerância.